História do SASERJ
Em 1990 nosso sindicato teve suas atividades paralisadas, fechou por 6 (SEIS) meses conforme ata de Assembleia. A partir daí, percebe-se uma tentativa de nos convencer sob o argumento de que o fechamento dos sindicatos dos Assistentes Sociais no Brasil se deu em consonância com a tese do II CONCUT realizada em 1986 no Estado do Rio de Janeiro. Grande inverdade; pois o que vemos nas documentações e fatos históricos significa a verdadeira inanição do movimento sindical dos assistentes sociais no Brasil.
Vejamos: Em 1986 a CUT apresenta no seu II CONCUT a tese de que os trabalhadores deveriam se organizar por ramo de atividade econômica para combater o projeto neoliberal. A tese é perfeita, mas nossos próprios acadêmicos até os dias atuais se organizaram nos sindicatos de professores que é tão categoria como a nossa de assistentes sociais. Defendem uma organização por ramo, mas se organizam em sindicato de categoria/ professores. A CUT não orientou para os trabalhadores fecharem suas portas e sim realizarem a passagem para o ramo de atividade econômica e temos 14 (quatorze ramos na CUT).
Reconhecemos a grande importância da correlação teoria X prática, do ensino X aprendizagem nas diversas profissões. Portanto, estranhamente, diferente de um médico que precisa do fazer profissional para trocar com seus residentes, realizar cirurgias, o juiz ou promotor advogaram, chegam a um tribunal para qualificar o ensino, o cirurgião dentista, o psicólogo, enfim, os profissionais atuam e estão no magistério. No Serviço Social “alguns” nunca exerceram a profissão e de alunos de graduação se tornam doutores e “alguns” se recusam a pagar nosso conselho; pois entendem serem professores. Nega-se assim nossa Lei de Regulamentação da profissão que traz como competência o exercício do magistério para o assistente social. Não pagar a anuidade ao nosso conselho o professor está no exercício ilegal da profissão igual ao assistente social que se encontra somente na prática.
Talvez essa questão ainda tão velada na profissão deva ajudar a justificar a defesa ferrenha de alguns dirigentes das nossas entidades da categoria na tese da CUT. Uma organização que nós CUTISTAS, mesmo com 27 (vinte e sete) anos de CONCUT ainda não conseguimos consolidar. O que realmente está por traz desse discurso de organização sindical aonde somente a categoria de assistentes sociais vem sendo tão ferrenho? Hoje alguns dirigentes de entidades criticam a CUT, mas continuam a defender a tese CUTISTA? Não está na hora de defenderem uma nova tese que não seja a nossa?
O SASERJ não ficou fechado por 6 (seis) meses e sim 5 (cinco) anos. Reabre em 1995, um ano após a extinção de ANAS em 1994. Não é estranho?
Aconteceram muitas mobilizações para a REABERTURA do nosso sindicato. Estranhamente, nunca fecharam nossa conta bancária, nunca tiveram a preocupação em fechar a entidade oficialmente.
Nossa Carta Sindical e CNPJ continuavam ativas, como o dinheiro em conta bancária. Tínhamos sede própria, entregue ao MST, Sindicato dos Psicólogos do Estado do RJ e outros Movimentos. O CRESS RJ fez acordo de comodato só em 1994 com a CUT RJ, 4 (quatro) anos após seu fechamento e logo após as denúncias do professor Orlando Pinto a toda a categoria. Existiam dívidas com o condomínio e IPTU.
Após intensos debates no Estado do RJ o CRESS 7ª Região, pressionado pela categoria realizou o debate de reabertura do sindicato e no momento duas chapas se inscreveram. Todo o processo foi conduzido pelo CRESS RJ.
Os Assistentes da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro encabeçaram o movimento vez que estavam recebendo salário mínimo na ocasião e ao irem negociar com o então Prefeito Cesar Maia, este perguntou pelo sindicato e não negociaria com conselho de classe e sim com o movimento sindical como fazia com as demais categorias profissionais. Na ocasião os Assistentes Sociais que entraram com ações judiciais contra a Prefeitura perderam e o advogado particular, contratado pelo grupo alegou que deveriam ter seu sindicato, visto que um advogado de sindicato teria muito mais força que um advogado particular.
Assim, a luta tomou força e os grupos se uniram para retomar o movimento sindical, vez que depois de 6 (SEIS) meses de greve na Saúde somente a categoria de Assistentes Sociais não obtiveram aumento salarial. Não tinha sindicato para defender a categoria.
A partir de 1995 tomamos força no Estado do Rio de Janeiro. Temos muito para lutar, mas conquistamos uma carga horária de 24 horas no Estado, luta do nosso sindicato. Temos um piso estadual. Ainda não o ideal, mas ninguém pode ganhar salário mínimo. Garantimos concursos públicos. Celebramos Acordos Coletivos, fazemos homologações, anistiamos os sindicalizados de Imposto Sindical (PCRJ), retiramos a categoria de serem “papas defuntos” na rede de saúde Municipal. Na condição de Presidente do Sindicato e atendendo as demandas da categoria, eu, Margareth Alves Dallaruvera após realizar denúncia ao Ministério Público e mídia escrita, fomos ameaçados de morte, tendo ficado um ano e meio sob proteção de escolta da Polícia Militar. Enfim, muita luta ainda tem, mas hoje temos uma entidade que nos defenda dos nossos direitos. Não estamos sozinhos! Fazemos parte da INTERSINDICAL (TODOS OS SINDICATOS DE CATEGORIA), fomos comando de greves, estamos nos Conselhos de Saúde e Assistência Social e estamos nas Mesas de Negociação. O SASERJ dialoga com sua base social; pois toda última segunda feira do mês a diretoria recebe a categoria, encaminha suas demandas e interfere junto na luta coletiva.
Contratamos desde 1995 o melhor departamento jurídico do movimento sindical, a chefia do setor do sindicato dos médicos; pois entendíamos poder não termos estrutura física, mas teríamos um ótimo jurídico para defender nossas causas.
Todo dia 15/05 celebramos com ATOS PÚBLICOS na Cinelândia em defesa dos nossos direitos como classe trabalhadora.
Em 1995 recebemos uma sede sem nenhuma condição de trabalho, sem nenhum filiado. Se a categoria reclamava das condições de trabalho, nós também nada tínhamos para oferecer a categoria; pois essa foi à condição que nos entregaram a sede da categoria, comprada com dinheiro do trabalhador/assistente social:
Condição do material com remédio de rato!
Essa era a condição das mesas onde deveríamos trabalhar:
Aqui era a cozinha do SASERJ:
Nossa geladeira tinha colchão velho dentro: Nossos tacos soltos:
Situação comprometida da nossa história, nossos arquivos junto com os ratos:
Nosso telhado estava todo solto. A chuva invadia a sede!
Janelas quebradas:
Nosso banheiro:
Nossa sacada:
Enfim, depois de tudo isso fica a reflexão: De que organizações por ramo estão os assistentes sociais realmente defendendo?
Aqui, devemos agradecimento especial aos grandes mestres: professor Vicente de Paula Faleiros, professora Maria Inês Bravo, professor Emir Sader e professora Aldaíza Sposati . Com suas aulas e palestrantes gratuitas conseguíamos pagar conta de luz e telefone e fomos crescendo...
Hoje conseguimos estruturar nossa sede para receber nossa categoria e convidados com dignidade.
Impulsionamos a criação da FENAS. Juntamos os sindicatos dispersos (Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul e Caxias do Sul). Nos unimos e Reabrimos vários sindicatos no Brasil por decisão da categoria.
Avançamos muito, mas iremos avançar muito mais!
Temos dito: “Nunca duvidem da capacidade de luta da classe trabalhadora” LULA
A verdade iria prevalecer. A tese de “transitoriedade inconclusa” veio como uma máscara para não olharmos a realidade de uma verdadeira inanição do movimento sindical da categoria. A única pessoa verdadeira que traz esse debate é a respeitada professora Regina Marconi.
Com toda a oposição existente, hoje já somos 15 (quinze) sindicatos no Brasil. Cada um com sua história individual, mas com verdades ainda não reveladas. Em breve seremos 27 e fortes, organizados nesse imenso Brasil, mostrando a força dos Assistentes Sociais Brasileiros!
Julho de 2013,
Margareth Alves Dallaruvera
Presidente de Reabertura do SASERJ
Presidente Fundadora da FENAS